O crédito rural é um mecanismo essencial para o desenvolvimento do setor agropecuário brasileiro. Trata-se de um conjunto de operações financeiras que visa custear, investir e comercializar atividades no campo, garantindo liquidez ao setor e alavancando a produção. Instituído pelo Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR), esse instrumento une políticas públicas, bancos comerciais, agências de fomento e cooperativas de crédito para oferecer apoio financeiro.
Ao longo dos anos, essa fonte de financiamento consolidou-se como motor propulsor da economia nacional, especialmente para pequenos e médios produtores. É por meio dele que se realizam melhorias em infraestrutura, compra de insumos, aquisição de máquinas e até implementação de tecnologias sustentáveis no campo.
Em um cenário de crescente demanda por alimentos e biocombustíveis, manter a estabilidade do crédito rural com juros especiais e subsidiados torna-se vital. A cada ciclo do Plano Safra, o governo ajusta as linhas de financiamento para equilibrar incentivos e contenção fiscal, respondendo a desafios macroeconômicos e climáticos.
O Plano Safra 2025/2026 é o principal programa de fomento ao agronegócio brasileiro. Para essa safra, o governo destinou R$ 516,2 bilhões para custeio, investimento e comercialização, alinhando-se aos diferentes perfis de produtores. O Banco do Brasil, por exemplo, anunciou um volume de R$ 230 bilhões, reforçando seu papel na oferta de crédito rural.
Além disso, cooperativas como o Sicoob projetam R$ 60 bilhões em crédito rural, um crescimento de 8% em comparação ao ciclo anterior. A distribuição setorial prevê 39% para agricultura (soja, café e grãos), 25% para pecuária (bovinocultura) e 36% para CPRF.
Para a safra 2025/2026, as taxas de juros sofreram elevadas alterações, variando conforme o tipo de linha e porte do produtor. Em linhas de custeio, médias e grandes produtores pagam até 10% ao ano, enquanto pequena agricultura familiar chegou a 14%.
Fora do SNCR, financiamentos comerciais podem alcançar 18% a 24% ao ano, reforçando que, mesmo com reajustes, o crédito rural oficial continua competitivo frente ao mercado tradicional.
O aumento nos custos de financiamento pode comprometer até 20% da receita bruta de pequenos e médios produtores. Com custos agrícolas elevados e flutuações de preços, muitos agricultores passam a priorizar apenas operações de custeio essenciais, reduzindo investimentos em inovação e infraestrutura.
Em um ambiente marcado pela instabilidade climática e volatilidade cambial, a pressão sobre a rentabilidade agrícola se intensifica. Produtores enfrentam o dilema de aumentar o uso de crédito para expandir a produção ou conservar recursos para proteger margens de lucro.
Diante da elevação das taxas do Plano Safra, surgem alternativas oferecidas por cooperativas e fintechs, com taxas mais acessíveis e flexíveis. Essas instituições utilizam avaliações de risco diferenciadas e garantias alternativas, oferecendo prazos e condições mais ajustados à realidade de cada produtor.
As cooperativas rurais, em especial, desempenham papel estratégico como emissores de títulos e agentes de proximidade, fortalecendo o movimento associativo e contribuindo para o desenvolvimento regional.
Nos últimos ciclos, bancos privados e cooperativas vêm ampliando sua fatia no mercado de crédito rural. O Sicoob, por exemplo, alcançou 7% de market share nacional, elevando o volume concedido de R$ 37,5 bilhões (2022/23) para R$ 55,4 bilhões (2024/25).
Espera-se que, mesmo com restrição fiscal, haja aumento de recursos para custeio, estimulando a produtividade e a adoção de tecnologias sustentáveis. Governos e entidades avaliam mecanismos de mitigação de riscos, como seguro agrícola e programas de hedge climático.
O crédito rural continua sendo peça-chave para a competitividade do agronegócio brasileiro. Apesar dos juros em alta, sua manutenção com condições especiais e subsidiadas garante a sustentabilidade das cadeias produtivas e beneficia toda a sociedade.
Produtores, cooperativas e instituições financeiras devem buscar equilíbrio entre subsídios públicos e alternativas privadas para assegurar acesso contínuo a recursos, promovendo inovação, gestão de riscos e crescimento sustentável para a Safra 2025/2026 e além.
Referências