Enfrentar a fatura do cartão de crédito ao final do mês tem se tornado um desafio cada vez maior para muitas famílias. Com taxas que superam confortavelmente a casa dos 400% ao ano, entender o motivo desses encargos e, principalmente, aprender a driblar os custos, é essencial para manter a saúde financeira.
Dados recentes mostram que os juros médios do crédito rotativo alcançaram 449,9% ao ano em maio de 2025, pouco abaixo do recorde de 450,6% registrado em fevereiro do mesmo ano. Embora o crédito parcelado apresente números mais amenos, a taxa de 181,1% ao ano em março de 2025 ainda é considerada elevada quando comparada a outras modalidades.
Para fins de comparação, o cheque especial fechou maio de 2025 em 134,7% ao ano, enquanto o crédito consignado variou entre 24,3% e 55,6% ao ano, dependendo do perfil do tomador. Esses dados evidenciam a disparidade entre as linhas de crédito e a necessidade de atenção redobrada ao usar o cartão.
O crédito rotativo é acionado quando o consumidor paga um valor inferior ao total da fatura até a data de vencimento. Nesse caso, o saldo devedor torna-se automaticamente um financiamento sujeito a juros altíssimos. Após até 30 dias de permanência no rotativo, o banco deve oferecer um parcelamento com taxa menor, mas ainda elevada.
Mesmo com a limitação de encargos imposta pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para não ultrapassar teto de 100% do valor da dívida, a taxa anual projetada pelo Banco Central pode extrapolar esse limite por se tratar de um cálculo estatístico que reflete a projeção de variação dos juros ao longo do ano.
O quadro acima revela como as diferenças entre as modalidades podem impactar o orçamento. Enquanto o consignado oferece condições mais acessíveis, o rotativo se apresenta como a alternativa mais onerosa, devorando rapidamente o valor da fatura.
Desde janeiro de 2024, o CMN estabeleceu que os juros e encargos cobrados em operações rotativas e parceladas não podem superar 100% do valor original da dívida. Apesar disso, o indicador anualizado do Banco Central segue refletindo números muito superiores.
Isso acontece porque o modelo de projeção anual considera a frequência de variações mensais, não o juro efetivo cobrado diretamente do consumidor. Por isso, é fundamental entender que, mesmo com o escopo regulatório, os custos continuam pesados.
Ferramentas de controle financeiro e aplicativos de bancos ou fintechs podem ajudar a monitorar gastos em tempo real e alertar sobre o limite disponível. A educação financeira, aliada a disciplina, faz toda a diferença na prevenção de dívidas.
Entender a mecânica dos juros do cartão de crédito é o primeiro passo para proteger o seu bolso. As taxas altíssimas refletem riscos, custos operacionais e estrutura de mercado, mas não são inevitáveis.
Manter hábitos de pagamento em dia, planejar despesas e optar por modalidades de crédito mais baratas dão ao consumidor o poder de decidir seu próprio destino financeiro. Com informação e estratégia, é possível reduzir o impacto dos juros e conquistar mais tranquilidade na gestão do orçamento familiar.
Referências